sexta-feira, 25 de abril de 2008

Magrão - História de um guerreiro


Magrão: Raça colorada correndo nas veias!

Magrão tem orgulho da sua origem. Nascido no bairro São João Clímaco e criado em Heliópolis, uma das maiores favelas de São Paulo, o volante de 28 anos superou todas as dificuldades do meio para virar um ídolo das massas. Totalmente despojado, mantém uma postura humilde apesar de toda a fama que a carreira de jogador de futebol promove.

Foi nos campos de várzea da periferia onde o volante colorado ensaiou as primeiras jogadas. Influenciado pelo pai, considerado um dos melhores peladeiros do bairro, Magrão passava o dia correndo atrás da bola, o que acabou driblando o assédio das drogas e do mundo do crime, sempre presentes na favela. “Nunca vou esquecer de onde vim. Não sei se é um estilo, mas a minha origem é de ‘maloqueiro’ mesmo e não tem porque mudar”, argumenta Márcio Rodrigues, apelidado de Magrão ainda na infância por conta da sua constituição física.

Mas era nas quadras do futebol de salão que o filho do Jucelino acreditava que iria fazer sucesso. Magrão foi ala de diversos times de base de importantes clubes de São Paulo antes de ser descoberto por observadores do São Caetano, seu primeiro time profissional. “Achei que no salão eu ía me profissionalizar rapidamente. No campo era um sonho bem mais distante. Até hoje me pergunto como consegui chegar até aqui”, confidencia.

Magrão exibe os nomes dos filhos tatuados nos antebraços
Em um amistoso comemorativo ao aniversário do time de várzea do bairro, do qual Magrão fazia parte, sua vida mudou. Após a vitória de 3 a 0 sobre os juniores do São Caetano, o garoto de Heliópolis foi levado para fazer teste na equipe do ABC Paulista. No auge dos seus 16 anos, mostrou toda a disposição já no primeiro treino contra o time profissional e despertou a atenção de um diretor, José Carlos Molina, que viria a ser um dos grandes apoiadores da sua carreira.

Apesar da vontade em crescer no futebol, Magrão estava preocupado com a situação da sua família em São Paulo. O despejo da casa onde seus pais moravam era iminente. Em uma conversa com Molina, contou seus problemas e recebeu em troca a ajuda do diretor. “Minha família estava quase acabando por causa das dificuldades financeiras, por isso pensei em voltar para a capital. Mas o Molina disse que iria providenciar uma casa para os meus pais e um salário para mim. No Natal, em 1996, todos vieram para São Caetano. Foi o melhor final de ano da minha vida”, lembra.

Depois de uma trajetória de sucesso no São Caetano, clube pelo qual conquistou o vice da Série B/Módulo Amarelo (2000) e da Copa João Havelange (2000), Magrão acabou chamando a atenção do Palmeiras com seu estilo aguerrido de atuar. No Parque Antártica, foi um dos destaques do time que ganhou o título da Série B em 2003. No ano seguinte, participou da boa campanha no Brasileirão que conduziu o Palmeiras à disputa da Libertadores da América de 2005. Magrão virou ídolo entre os palmeirenses. Em julho de 2005, o volante foi defender o Yokohama Marinos, do Japão.

Depois de permanecer mais de um ano no continente asiático retornou ao Brasil para vestir a camisa do Corinthians. Apesar de ter atuado no arqui-rival Palmeiras no ano anterior, não demorou para cair nas graças da torcida do Parque São Jorge. “Tinha muitas incertezas, pois havia toda uma polêmica sobre como os torcedores iriam me receber. Mas já no primeiro jogo todos gritaram o meu nome, dando o maior apoio”, recorda Magrão. O currículo do jogador também registra passagens pela Seleção Brasileira, em 2004 e 2005, e o título 'Bola de Prata', concedido pela revista Placar em 2004.

Após uma longa negociação conduzida pelo vice-presidente de futebol Giovanni Luigi, o Inter apresentou Magrão no Beira-Rio em julho deste ano. Como o próprio jogador esperava, o começo foi penoso em razão dos quatro meses que ficou parado. Como é do seu feitio, entregou-se de corpo e alma ao seu novo clube. “Vim para o Inter porque me identifiquei com a massa colorada. Sofri muito no início, pois não conseguia render em campo, meu corpo pesava. Fiquei sem dormir depois de vários jogos. Precisava dar uma satisfação para a torcida que tinha ficado empolgada com a minha contratação”, recorda. Com o apoio da comissão técnica, Magrão desenvolveu um trabalho de recondicionamento físico que o deixou em forma novamente para a alegria da torcida.

Estimulado pelo técnico Abel Braga a apoiar o ataque, o volante marcou gols em três partidas seguidas, contra América-RN, Corinthians e Juventude. Nada de anormal para quem que já anotou 82 gols na carreira apesar de atuar no meio-campo. “É um jogador que sabe se posicionar muito bem, o que acaba criando diversas chances de gol. No meu time ele tem liberdade para subir”, garante Abel.

Outra característica marcante de Magrão são as seis tatuagens espalhadas pelo corpo. Nos antebraços, carrega o nome dos filhos, Matheus e Pedro, e em um dos pulsos, o da esposa, Andréia. Às costas, traz um Sol de Sagitário, uma referência ao seu signo. No braço esquerdo, um dragão, e na perna, o nome do seu primeiro filho, Matheus. Segundo o jogador, a passagem pelo Inter também poderá ser marcada para sempre na pele: “As tatuagens são lembranças de épocas da minha vida. Estou me sentindo muito bem aqui no Beira-Rio. Talvez faça uma tatuagem para eternizar este momento”, especula.

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