COLIGAY na Revista do Gaymio
Era janeiro de 2006. Nós ainda não sabíamos que naquele mesmo ano comemoraríamos o nosso maior título e o nosso rival tratava de nos dar a primeira alegria do ano.
Em sua revista, a IMORTAL TRICOLOR, na edição n° 3, na página (pasmem) VINTE E QUATRO, o G**mio faz uma homenagem à torcida que até hoje enche de orgulho os corações tricolores: a COLIGAY.
Seguem, então, algumas FOTOS e um VÍDEO da revista e, logo abaixo, o texto da reportagem:
Destaque para a página VINTE E QUATRO da revista:
PRINTS DA REVISTA (Clique no link)
COLIGAY 01
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TEXTO DA REPORTAGEM
O ano era 1976. O Brasil vivia sob a ditadura militar e não eram tempos dos mais arejados. Era preciso ser muito macho para sair do armário e revelar a preferência sexual alternativa. Que dizer então de sair no maior modelão e ir para um estádio de futebol, reduto praticamente exclusivo de homens com H, onde as poucas mulheres que se aventuravam a entrar eram alvo de grosserias do mais baixo nível.
Pois foi em 1976 que surgiu a Coligay, torcida organizada gremista nascida na boate Coliseu, uma célebre casa gay de Porto Alegre. Os cerca de 60 integrantes da Coligay logo se destacaram entre a massa gremista pela animação – cantando, gritando, pulando e rebolando o tempo todo – e pelo figurino extravagante, com túnicas sedosas esvoaçantes, plumas, paetês e muito, muito glamour. Tudo em preto, azul e branco, é claro. Porque para ser da Coligay tinha que ser gay e gremista. Teve gays não-gremistas que tentaram se infiltrar, mas foram vetados.
Os conservadores, revoltados com o inusitado atentado á macheza gaúcha, dividiram-se entre chocados e irados. Teve quem pensasse em partir para a repressão, mas essa gente preconceituosa foi avisada de que não havia embasamento legal – pelo contrário. Então os descontentes tiveram que se contentar em franzir a carranca ou ignorar os rapazes alegres.
Por outro lado, a empolgação da Coligay – turbinada por uma potente charanga – conquistou uma minoria de simpatizantes héteros, que se bandearam para perto dela para curtir o fervo. Porque o que realmente diferenciava a torcida gay era a animação e o bom humor.
A revista Placar fez uma reportagem sobre a Coligay em 1977, e o líder da torcida e gerente da Coliseu, Volmar Santos, contou que decidiu organizar a sua turma porque achava os outros torcedores do G**mio frios e apáticos: “Eles só incentivam quando o time vai bem. E é lógico, quando parti para recrutar gente, tinha de pensar em gente como eu. Acho que a nossa classe é a mais animada, mais descontraída por natureza, não é verdade?”
Na entrevista para a Placar, Volmar disse que os integrantes da Coligay eram “gente de fino trato”, que a torcida tinha o apoio de pessoas importantes da sociedade que não queriam se expor e deu seu recado para os críticos: “O que eles não entendem é que antes de tudo somos gremistas, que vibramos de paixão pelo nosso clube. Toda essa turma que está aí já vinha ao estádio há muito tempo, e a única diferença é que agora estamos reunidos, torcendo numa boa, na nossa.”
Imortal Tricolor decidiu prestar uma homenagem aos corajosos gremistas gays que foram à luta de seu direito de torcer para o time do coração dentro dos estádios. Porque a Coligay não ficou só no Olímpico, mas também sacudiu as arquibancadas do Bento Freitas e da Boca do Lobo em Pelotas, do Alfredo Jaconi em Caxias, do Volmar Salton em Passo Fundo, da Baixada Melancólica em Santa Maria e da Pedra Moura em Bagé. Uma frase de Volmar Santos resume a questão: “Pela primeira vez num estado machista como o nosso os homossexuais se manifestaram em público. Não é pouca coisa, não?”
Lúcia Brito
Todos os créditos ao Ingo, do blog IMAGENS DO GIGANTE.
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