terça-feira, 14 de julho de 2009

COLIGAY na Revista do Gaymio

Era janeiro de 2006. Nós ainda não sabíamos que naquele mesmo ano comemoraríamos o nosso maior título e o nosso rival tratava de nos dar a primeira alegria do ano.

Em sua revista, a IMORTAL TRICOLOR, na edição n° 3, na página (pasmem) VINTE E QUATRO, o G**mio faz uma homenagem à torcida que até hoje enche de orgulho os corações tricolores: a COLIGAY.

Seguem, então, algumas FOTOS e um VÍDEO da revista e, logo abaixo, o texto da reportagem:



Destaque para a página VINTE E QUATRO da revista:



PRINTS DA REVISTA (Clique no link)

COLIGAY 01

COLIGAY 02

COLIGAY 03

COLIGAY 04

COLIGAY 05

COLIGAY 06

COLIGAY 07

COLIGAY 08

COLIGAY 09

COLIGAY 10

COLIGAY 11

TEXTO DA REPORTAGEM

O ano era 1976. O Brasil vivia sob a ditadura militar e não eram tempos dos mais arejados. Era preciso ser muito macho para sair do armário e revelar a preferência sexual alternativa. Que dizer então de sair no maior modelão e ir para um estádio de futebol, reduto praticamente exclusivo de homens com H, onde as poucas mulheres que se aventuravam a entrar eram alvo de grosserias do mais baixo nível.

Pois foi em 1976 que surgiu a Coligay, torcida organizada gremista nascida na boate Coliseu, uma célebre casa gay de Porto Alegre. Os cerca de 60 integrantes da Coligay logo se destacaram entre a massa gremista pela animação – cantando, gritando, pulando e rebolando o tempo todo – e pelo figurino extravagante, com túnicas sedosas esvoaçantes, plumas, paetês e muito, muito glamour. Tudo em preto, azul e branco, é claro. Porque para ser da Coligay tinha que ser gay e gremista. Teve gays não-gremistas que tentaram se infiltrar, mas foram vetados.

Os conservadores, revoltados com o inusitado atentado á macheza gaúcha, dividiram-se entre chocados e irados. Teve quem pensasse em partir para a repressão, mas essa gente preconceituosa foi avisada de que não havia embasamento legal – pelo contrário. Então os descontentes tiveram que se contentar em franzir a carranca ou ignorar os rapazes alegres.

Por outro lado, a empolgação da Coligay – turbinada por uma potente charanga – conquistou uma minoria de simpatizantes héteros, que se bandearam para perto dela para curtir o fervo. Porque o que realmente diferenciava a torcida gay era a animação e o bom humor.

A revista Placar fez uma reportagem sobre a Coligay em 1977, e o líder da torcida e gerente da Coliseu, Volmar Santos, contou que decidiu organizar a sua turma porque achava os outros torcedores do G**mio frios e apáticos: “Eles só incentivam quando o time vai bem. E é lógico, quando parti para recrutar gente, tinha de pensar em gente como eu. Acho que a nossa classe é a mais animada, mais descontraída por natureza, não é verdade?”

Na entrevista para a Placar, Volmar disse que os integrantes da Coligay eram “gente de fino trato”, que a torcida tinha o apoio de pessoas importantes da sociedade que não queriam se expor e deu seu recado para os críticos: “O que eles não entendem é que antes de tudo somos gremistas, que vibramos de paixão pelo nosso clube. Toda essa turma que está aí já vinha ao estádio há muito tempo, e a única diferença é que agora estamos reunidos, torcendo numa boa, na nossa.”

Imortal Tricolor decidiu prestar uma homenagem aos corajosos gremistas gays que foram à luta de seu direito de torcer para o time do coração dentro dos estádios. Porque a Coligay não ficou só no Olímpico, mas também sacudiu as arquibancadas do Bento Freitas e da Boca do Lobo em Pelotas, do Alfredo Jaconi em Caxias, do Volmar Salton em Passo Fundo, da Baixada Melancólica em Santa Maria e da Pedra Moura em Bagé. Uma frase de Volmar Santos resume a questão: “Pela primeira vez num estado machista como o nosso os homossexuais se manifestaram em público. Não é pouca coisa, não?”

Lúcia Brito

Todos os créditos ao Ingo, do blog IMAGENS DO GIGANTE.

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