Carta ao Poppe
Coloradismo, doutrina de paixão
Mestre,
Não sabemos onde te encontras agora, mas temos a convicção de que manténs lugar cativo no círculo destinado aos precursores das grandes coisas. Na certa, tua mente brilhante e ávida faz par com as de vultos nobilíssimos, orbitando em searas de alta ordem, empenhando-se em labores de inimaginável importância. Assim, de antemão, desculpe-nos por tomar teu tempo – se é que aí há tal medida.
Mas a verdade, mestre Henrique, é que aqui o quarto mês do ano já chegou e pôs-se a caminhar. Logo ali à frente, suplantará o seu terceiro dia, presenteando o peso de um século dos nossos à maior das tuas obras. Sabe-se lá em quais tarefas tens te embrenhado por ai desde que prematuramente partiste, em que projetos – decerto magníficos – dispensaste tuas atenções nesse período todo. Mas se tiveste a oportunidade de acompanhar o andamento do prodígio que ajudaste a nascer, percebeste o quanto crescemos desde a época da Rua Arlindo.
É provável que, na arrancada de nossa epopéia, tu não pudesses vislumbrar um horizonte tão maravilhoso quanto o que veio a se concretizar. Pois saibas, mestre, que tudo se deu à reboque do teu idealismo. Os preceitos que nortearam tua vida e teus atos estão impregnados naquilo que um dia tu chamaste de Sport Club Internacional. Escondida por trás das 13 letras do nome do clube que amamos, sustentando o brasão campeão de tudo neste planeta, existe toda a série de valores que moldaram tua conduta e tua forma de pensar.
Quando a pena rubricou teu aval na ata fundamental da instituição que agora torna-se secular, tu – talvez sem imaginares – preenchias o requisito positivista de perenizar-se pelo feito. E não paraste por ai.
Se puderes, corra a linha do tempo até um domingo qualquer e admire o estádio lotado. É um portento, grandioso demais até no nome. As multidões se vão até ele em carreira, acodem-se em verdadeiras e intermitentes procissões. Há na velha arena da Padre Cacique, por onde quer que se mire, toda a sorte de simbolismos coletivo e particulares. Cada pedaço do Gigante abriga em sua memória centenas de pequenos milagres e tragédias, de confissões, promessas e êxtases hieráticos – muitos vividos sobre joelhos quedados no cimento, sublimados em rostos traçados por lágrimas. Sentando-se em qualquer ponto, vê-se o chão cor de esmeralda e seus arcos brancos – e eles sugerem tudo de mais bendito que possa haver.
Não seria um templo, mestre Henrique?
Quem defende o clube que tu criaste possui uma maneira única de enxergar a vida: toda ela à mercê do Internacional, ao sabor dos seus desígnios. Há a verdadeira dependência pela camisa cor de sangue, armadura da alma, manto obrigatório em nossa liturgia – e vesti-lo constitui-se genuflexão bastante singular. Há a reverência eterna a Pirilos e Tesourinhas, Larrys e Bodinhos, Figueroas e Falcões, Tingas e Fernandões, figuras a quem encaramos em pleno torpor, marejando os olhos – e, misteriosamente, nos parecem carregar halos sobre a fronte. E o que seriam os cantos senão verdadeiras chaves místicas, conexão instantânea com nossa essência, preparando a atmosfera em átimos, impelindo-nos força indizível? O Celeiro de Ases em uníssono é praticamente um transe coletivo.
Não seria um culto, mestre Henrique?
O clube altruísta e igualitário que tu imaginaste, a instituição sem barreiras de qualquer tipo, que abriria a porta do esporte a todos, confirmou e extrapolou os seus propósitos. Democraticamente, aceitou simpatizantes de toda a espécie, instaurando novos paradigmas, exatamente como tu determinaste. Porém, não se poderia prever que, uma vez identificado ao Clube do Povo, o colorado não encontraria mais opções: pegaria-se controlado pela ditadura da paixão vermelha, envolvido a ponto de nada mais importar, preso e fiel ao solitário dogma de amar o Internacional sobre todas as coisas.
Graças a Deus.
Mestre Henrique, tu superaste Castilhos e Comtes, criaste tua própria doutrina. Hoje, somos mais de oito milhões de adeptos do Coloradismo de Poppe, na vertente única do amor irrestrito à Academia do Povo.
Na aurora do primeiro centenário do Sport Club Internacional, a nação alvirrubra agradece ao seu fundador por ter criado a nossa razão de viver.
Muito obrigado, mestre.
Em nome da centenária família colorada.
Escrito por EMANUEL NEVES
Mestre,
Não sabemos onde te encontras agora, mas temos a convicção de que manténs lugar cativo no círculo destinado aos precursores das grandes coisas. Na certa, tua mente brilhante e ávida faz par com as de vultos nobilíssimos, orbitando em searas de alta ordem, empenhando-se em labores de inimaginável importância. Assim, de antemão, desculpe-nos por tomar teu tempo – se é que aí há tal medida.
Mas a verdade, mestre Henrique, é que aqui o quarto mês do ano já chegou e pôs-se a caminhar. Logo ali à frente, suplantará o seu terceiro dia, presenteando o peso de um século dos nossos à maior das tuas obras. Sabe-se lá em quais tarefas tens te embrenhado por ai desde que prematuramente partiste, em que projetos – decerto magníficos – dispensaste tuas atenções nesse período todo. Mas se tiveste a oportunidade de acompanhar o andamento do prodígio que ajudaste a nascer, percebeste o quanto crescemos desde a época da Rua Arlindo.
É provável que, na arrancada de nossa epopéia, tu não pudesses vislumbrar um horizonte tão maravilhoso quanto o que veio a se concretizar. Pois saibas, mestre, que tudo se deu à reboque do teu idealismo. Os preceitos que nortearam tua vida e teus atos estão impregnados naquilo que um dia tu chamaste de Sport Club Internacional. Escondida por trás das 13 letras do nome do clube que amamos, sustentando o brasão campeão de tudo neste planeta, existe toda a série de valores que moldaram tua conduta e tua forma de pensar.
Quando a pena rubricou teu aval na ata fundamental da instituição que agora torna-se secular, tu – talvez sem imaginares – preenchias o requisito positivista de perenizar-se pelo feito. E não paraste por ai.
Se puderes, corra a linha do tempo até um domingo qualquer e admire o estádio lotado. É um portento, grandioso demais até no nome. As multidões se vão até ele em carreira, acodem-se em verdadeiras e intermitentes procissões. Há na velha arena da Padre Cacique, por onde quer que se mire, toda a sorte de simbolismos coletivo e particulares. Cada pedaço do Gigante abriga em sua memória centenas de pequenos milagres e tragédias, de confissões, promessas e êxtases hieráticos – muitos vividos sobre joelhos quedados no cimento, sublimados em rostos traçados por lágrimas. Sentando-se em qualquer ponto, vê-se o chão cor de esmeralda e seus arcos brancos – e eles sugerem tudo de mais bendito que possa haver.
Não seria um templo, mestre Henrique?
Quem defende o clube que tu criaste possui uma maneira única de enxergar a vida: toda ela à mercê do Internacional, ao sabor dos seus desígnios. Há a verdadeira dependência pela camisa cor de sangue, armadura da alma, manto obrigatório em nossa liturgia – e vesti-lo constitui-se genuflexão bastante singular. Há a reverência eterna a Pirilos e Tesourinhas, Larrys e Bodinhos, Figueroas e Falcões, Tingas e Fernandões, figuras a quem encaramos em pleno torpor, marejando os olhos – e, misteriosamente, nos parecem carregar halos sobre a fronte. E o que seriam os cantos senão verdadeiras chaves místicas, conexão instantânea com nossa essência, preparando a atmosfera em átimos, impelindo-nos força indizível? O Celeiro de Ases em uníssono é praticamente um transe coletivo.
Não seria um culto, mestre Henrique?
O clube altruísta e igualitário que tu imaginaste, a instituição sem barreiras de qualquer tipo, que abriria a porta do esporte a todos, confirmou e extrapolou os seus propósitos. Democraticamente, aceitou simpatizantes de toda a espécie, instaurando novos paradigmas, exatamente como tu determinaste. Porém, não se poderia prever que, uma vez identificado ao Clube do Povo, o colorado não encontraria mais opções: pegaria-se controlado pela ditadura da paixão vermelha, envolvido a ponto de nada mais importar, preso e fiel ao solitário dogma de amar o Internacional sobre todas as coisas.
Graças a Deus.
Mestre Henrique, tu superaste Castilhos e Comtes, criaste tua própria doutrina. Hoje, somos mais de oito milhões de adeptos do Coloradismo de Poppe, na vertente única do amor irrestrito à Academia do Povo.
Na aurora do primeiro centenário do Sport Club Internacional, a nação alvirrubra agradece ao seu fundador por ter criado a nossa razão de viver.
Muito obrigado, mestre.
Em nome da centenária família colorada.
Escrito por EMANUEL NEVES
News mandada aos sócios pelo Movimento INTERnet/BV, em 2009.
Dica da Elisa, na comunidade do INTER.
1 Pichações:
Salve, Irmandade Colorada.
Tô passando por aqui pra convidar todos a visitarem meu blog:
http://henze-saci.blogspot.com/
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