segunda-feira, 21 de março de 2011

A História de LEANDRO DAMIÃO

Leandro Damião da Silva dos Santos, 21 anos, trocou de casa, de rua, de vila, de bairro, de cidade, de estado por R$ 100. Três anos atrás, se olhava no espelho, não via futuro. Sonhava acordado quase todos os dias.

O sonho viajava além dos retângulos de chão batido, tufos de grama, buracos que engoliam as chuteiras de segundo pé, e das camisas desbotadas e sem número do Tupycity e do Nostradamus, times amadores da zona oeste de São Paulo, capital. Nos devaneios, camisetas de cores famosas ocupavam seu corpo, nadavam na sua mente, alimentavam a fome de vencer.

– Ganhava R$ 30 por partida. Quando podia, jogava três vezes, direto, nos domingões, em dois times diferentes. Era uma correria só explica o atacante do Inter, 32 jogos, 12 gols, segurando firme o celular.

João Bosco é paulista, mas viaja muito para Santa Catarina. Me viu jogar, gostou e fez uma proposta. Perguntou se eu não queria jogar em Indaial, ganhar R$ 100 por mês, mais comida e alojamento. Aceitei na hora. Até peguei carona com o Bosco.

Distante 160 quilômetros de Florianópolis, 41 mil habitantes, Indaial recebeu o jogador com as cores do XV de Outubro – então amador, hoje na Série B.

Eu só treinava, jogava, via TV e dormia, dormia muito. Não tinha o que fazer. A saudade pegava forte.A solidão era do tamanho de São Paulo, onde vivia a minha família. Quando saía, entrava numa lan house e esquecia da vida. Pensei em voltar, quase peguei o ônibus várias vezes.

Suas performances, os gols de pé direito, número 42, os gols de cabeça, bola buscada nas alturas dos seus 1m87cm, atraíram a atenção de olheiros do Vale do Itajaí. Junto, visitas diárias e insistentes ao Estádio Gigante do Vale e novos convites.

Decidi pelo Atlético, de Ibirama. Fiz testes durante uma semana. Na segunda, estava contratado. É perto de Indaial, queria tentar. Pensei. “Eu encaro zagueiros que batem do pescoço para cima, porque não arriscar no futebol mais uma vez”.

A nova cidade, cerca de 18 mil habitantes, ofereceu boa estrutura, muito bons profissionais (que aprimoraram seu posicionamento na área, o cabeceio e, especialmente, o chute) e razoável salário, pago em dia. No mesmo 2008, Damião rodou no Tubarão e no Marcílio Dias.

Precisava de experiência. No ano seguinte, recebeu um posto no ataque do Clube Atlético Hermann Aichinger, o nome real do Ibirama. Ganhou confiança, a camisa 9, carinho, as primeiras palmas mais altas.

Fiz nove gols no Campeonato Catarinense, acho que fiz algum sucesso. Cresci, aprendi. Sempre fui o primeiro homem, o atacante de referência, mas hoje tenho mais mobilidade, sei me virar fora da área.

Como a vida melhorou, o pagode do Exaltasamba desceu melhor, os jogos de videogame ganharam nova TV e os filmes com Will Smith, seu ator preferido, uma tela maior para o gosto da namorada Nádia, 21 anos.

Quando o Inter se apresentou em maio, a jovem promessa do ataque abriu um sorriso do tamanho do Beira-Rio.

Queria vir, bateu o pé, tanto que veio de graça e seu primeiro aviso aos amigos distantes, via MSN, foi uma foto ao lado do ídolo Rafael Sobis, camisetas vermelhas iguais, ele mais alto, como que dizendo “olha onde eu estou rapaziada”.

Logo se transformou no goleador do Inter B, tímido passo antes de marcar um gol na decisão da Libertadores, em agosto. Gol no Mundial de Clubes está nos planos, mas nem titular é, sabe que não é, mas sabe que a torcida gosta dele.

– Estou nas mãos do Celso Roth. Sou novo, não rejeito trabalho, chance. Luto por espaço. Nunca vou desistir.

Três anos atrás ele jogava no chão batido, levantava poeira e atendia por Leandrão, às vezes por Leandro. Agora, Leandro Damião só existe um. O camisa 9 em Abu Dhabi?

– Eu continuo sonhando.

Fonte: CLIC RBS

Dica do Vine, lá na comunidade do INTER.

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A entrevista é antiga, mas achei que seria um bom momento para postá-la aqui no Beco, afinal "DAMIGOL", ou "LEANDRO DEMONIÃO" (como eu o chamo) foi convocado pra Seleção Brasileira hoje, para a partida do próximo domingo, contra a Escócia...

Não tá sabendo? Clica AQUI!

2 Pichações:

Maycon disse...

Grande história, e pensar que o craque estava aqui do lado da minha cidade...

O cara vai ganhar o mundo, não tenham dúvida.

amo o damiao disse...

leandro damiao é uma grand pessoa,vai long....linda historia ,tm muito pela frente muitas historias por vir...

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